Tião Vitor - tiaovitor@pagina20.com.br
06-Jun-2009
06-Jun-2009
“Não tenho dúvidas de que Chico Mendes seria o primeiro governador do Acre do PT”. Essa afirmação foi feita na quinta-feira pelo escritor e teatrólogo Márcio Souza, durante mais uma edição do Projeto Sempre Um Papo, promovido por Fred Perillo Consultoria de Comunicação e AB Comunicação, com o apoio do governo do Estado e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre.Márcio Souza é um grande conhecedor do Acre e sua política nas décadas de 1970 e 1980. Era amigo de Wilson Pinheiro e Chico Mendes. Escreveu romances contando um pouco da história do Acre e se prepara para lançar um livro de história sobre a Amazônia.
“Era evidente para a oligarquia do Acre o crescimento e organização do Partido dos Trabalhadores e a liderança do Chico. O prestigio nacional e internacional dele levava a crer que ele seria um perigo para a estabilidade de uma oligarquia que estava aqui desde muitos anos, que se consolidou com a Ditadura Militar, se beneficiou com ela, por isso eles tinham que tomar alguma atitude e tomaram na forma que eles sabiam fazer, matando o Chico”, explicou o escritor.
Chico Mendes foi morto na tarde do dia 22 de dezembro de 1988, quando se preparava para tomar banho no quintal de sua casa, em Xapuri. Os assassinos foram Darli Alves e seu filho Darci. Ambos foram presos condenados a 19 anos de prisão. Darci já cumpre pena no regime semi-aberto há alguns anos e seu pai, Darli, também já foi beneficiado com a progressão penal.Além das atividades sindicais que o fizeram conhecido no mundo inteiro, graças à sua luta em defesa dos seringueiros e da floresta, Chico Mendes também desenvolveu atividades parlamentares. Foi eleito vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no final dos anos de 1970 e concorreu ao cardo de deputado estadual pelo recém criado partido dos Trabalhadores no ano de 1982. Na mesma chapa concorria também a ex-seringueira Marina Silva e atual senadora da República. Chico Mendes teve votação expressiva, mas não foi eleito por insuficiência de legenda.
Márcio Souza conta um pouco da luta de Chico Mendes em duas oportunidades a primeira acontece no livro “Empate contra Chico Mendes, da editora Marco Zero - 1990. A segunda está no livro “Chico Mendes, a luta de cada um”, da editora Callis - 2005. Durante sua palestra para alunos do Colégio Estadual Barão do Rio Branco e alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre, na quinta-feira, Márcio Souza também aproveitou para criticar o que chamou de “ecologistas de gabinete”. Segundo ele, o Acre e Chico Mendes já deram muito dinheiro a pessoas que pouco têm a ver com a luta dos seringueiros ou mesmo com a defesa da floresta. Ele citou o caso de antropólogos e outros que receberam dinheiro de instituições internacionais e não repassaram para as comunidades acreanas que supostamente defendiam.
O escritor Márcio Souza ficou conhecido no mundo literário um livro justamente sobre outro personagem acreano, este bem anterior a Chico Mendes. O livro chama-se “Galvez, o Imperador do Acre”, que conta a história do jornalista aventureiro Luiz Galvez Ariaz que veio ao Acre e fundou uma república independente no ano de 1899. O livro foi lançado em primeira edição no ano de 1976 e logo em seguida sendo traduzido para 14 idiomas se transformou em um Best-Sellers.
Os livros de Márcio Souza podem ser encontrados em diversas barracas da Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura, que acontece na Praça da Revolução e segue até o domingo.
Fonte: Jornal Página 20
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