sexta-feira, 5 de junho de 2009

Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura abre as portas para o mundo da cultura e da informação.

Mariama Morena
04-Jun-2009

Todos os dias é possível conhecer novas obras e autores, participar de debates e oficinas, assistir a filmes e ouvir uma boa música ao vivo



Na praça os estudantes percorrem os estantes e têm a oportunidade de conhecer novos títulos e autores (Foto: Gleilson Miranda/Secom).


Um país se faz de homens e de livros. A célebre frase de um dos maiores escritores brasileiros, Monteiro Lobato, traduz com simplicidade a importância da leitura para o desenvolvimento social e cultural de um povo. É apostando nisso que o Governo do Estado realiza pela primeira vez no Acre a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura. O evento reúne 40 estandes de diferentes editoras e instituições públicas, que trazem o melhor da literatura para o público adulto e infantil na Praça Plácido de Castro, em Rio Branco.
São 22 editoras e seis livrarias, que apresentam seus produtos durante o evento. Uma oportunidade para quem quer conhecer as novidades dos lançamentos e adquirir uma edição. Os livros mais procurados até agora, segundo os empresários que estão com estande na praça, são os infantis. A preferência é pelos títulos de Monteiro Lobato. As aventuras da turma do Sítio do Pica-Pau-Amarelo agradam à criançada e aos pais. Nos estandes de literatura infantil é possível encontrar livros do famoso autor brasileiro a partir de R$ 3.
Na banca do livreiro Reni José Schimitz, percebe-se que para se tornar um leitor não há exigência de idade. Nas prateleiras há de livros de plástico para levar à banheira até livros musicais com os quais a criança pode conhecer o instrumento musical e ouvir seu som apertando um pedaço da página. Para os que já entendem o universo das letras, há coleções que custam a partir de R$ 5.




Livros de Monteiro Lobato são os mais procurados nas bancas de literatura infantil (Foto: Gleilson Miranda/Secom).




Para o público adulto, os clássicos Fernando Sabino, Carlos Drummond, Fernando Pessoa, entre outros, têm espaço garantido. Entre os mais procurados, estão os livros que compõem a lista dos mais vendidos do país - e uma boa surpresa: o livro do historiador Marcos Vinícius das Neves "Do Seringal à Capital", que conta a história da cidade de Rio Branco.
Para o empresário do setor Manoel Paim, a Bienal é uma oportunidade de divulgar e garantir o acesso aos livros. "Esse encontro é um presente do Governo do Estado para os livreiros e para a população. As vendas estão superando as expectativas. Mas para mim, a Bienal cumpre um objetivo mais importante do que vender. É uma oportunidade de incentivar a leitura, facilitar o acesso ao livro", afirma.


O bombeiro militar Eden da Silva Santos levou o filho Jean Lucas, de 4 anos, para uma visita à praça. "Estou impressionado e acho que essa Bienal só vem contemplar nosso esforço como pai de incentivar a formação dos nossos filhos através do conhecimento", destacou.
Segundo a organização, a expectativa é de que pelo menos cinco mil pessoas participem das atividades propostas e passem pelos estandes da Bienal nos nove dias de evento. Até agora não há como calcular o fluxo de pessoas nesses quatro dias, segundo a diretora do Sistema Público de Bibliotecas, Helena Carloni, que considera que a resposta do público é positiva.
Mesas-redondas, noite de autógrafos, oficinas e palestras

O acreano Gregório Filho autografa livro na Praça da Revolução (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

E nem só de livros se faz um bom leitor. Ir além das letras permite conhecer melhor quem está por trás daquela história. O contexto da narrativa. A inspiração. O contato direto com os autores desperta para um novo olhar sobre a obra e pode ajudar os aspirantes a escritor.
Por isso, na Bienal os visitantes têm a oportunidade de participar de conversas com os escritores, por meio de mesa-redonda, noite de autógrafos, oficinas e palestras.
Na Mesa dos Autógrafos instalada em um estande na Praça Plácido de Castro, todas as noites há escritores acreanos autografando e conversando com o público sobre suas obras. Na Biblioteca Pública, cada dia há uma mesa-redonda diferente.
Cinema e literatura - E como a "sétima arte" tem ligação direta com a literatura, o audiovisual também tem espaço garantido na programação da Bienal. Na Filmoteca Acreana, cada dia há um filme diferente em exibição.
Segundo Helena Carloni, há uma participação expressiva nas mesas-redondas e palestras. Para as oficinas existem inclusive pessoas participando como ouvintes porque a procura superou o número de vagas.
Mundo digital - Atravessando a Avenida Getúlio Vargas, saindo da Praça da Revolução e da Praça da Biblioteca Pública, os visitantes da Bienal se deparam com uma estrutura de seis metros de altura. À noite, o espaço ganha uma iluminação e colorido especial. É a Tenda-Bolha, que promove uma incursão pelo mundo digital durante a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura.
Nela, acontecem as oficinas de novas tecnologias, como a de twitter e Orkut. Os interessados chegam ao local, procuram os monitores e têm a oportunidade de conhecer e acessar esse mundo virtual através da internet.
A Tenda-Bolha disponibiliza computadores com acesso livre à internet. Para utilizar o serviço, o usuário precisa apenas se cadastrar junto a algum dos funcionários. O espaço apresenta aos visitantes o programa Comunidade Digital - uma das ações do Governo do Estado que tem por objetivo ampliar a cidadania e a inclusão social utilizando as novas tecnologias da informação. O programa abrange hoje 30 telecentros, sendo nove em Rio Branco e um em cada município do Acre.





Programação musical com grupos acreanos

Quem for visitar a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura à noite terá a oportunidade de fazer um passeio ainda mais agradável ao som de uma boa música ao vivo. Além de cinema, a programação também contempla apresentações musicais diárias com grupos acreanos.
Os primeiros a subir ao palco do coreto da Praça da Revolução foram os integrantes do grupo Língua de Sogra, formado por Dom Carlos (flauta), Fernando Monte (violão), Gabriel Brito (pandeiro) e Virgínia Vilanova (piano). O repertório de chorinho embalou a noite de sexta-feira.


Grupo de música medieval se apresenta durante programação musical da Bienal da Floresta do Livro e da Leitura (Foto: Sérgio Vale/Secom).


Música medieval - Já nesta terça-feira, 2, a atração ficou por conta da apresentação do Concerto Subtilior Ensemble, apresentado por quatro instrumentistas que trazem um repertório de músicas medievais renascentistas com obras produzidas no mundo ocidental dos séculos XII ao XVII. O concerto propõe resgatar um estilo pouco difundido nos meios de comunicação.
O grupo utiliza instrumentos musicais autênticos, compondo-se de percussão, flauta doce, alaúde e canto. As apresentações do grupo costumam ter um cunho didático, uma vez que todas as peças escolhidas pelo grupo têm sua representação histórica.
Apesar de ser um ritmo pouco conhecido, muita gente que passeava pela Bienal fez questão de parar para assistir à apresentação do grupo. "Fiquei surpresa com o show. Não gosto muito de música clássica, mas o interessante é que foi uma oportunidade de conhecer curiosidades sobre esse estilo. O grupo está de parabéns", elogiou a estudante Cássia Rodrigues.
Orquestra - Até o encerramento da Bienal, no próximo domingo, 7, haverá diariamente apresentações musicais no coreto da Praça da Revolução, sempre a partir das 19 horas. E quem fecha a programação é a Orquestra Sinfônica do Acre.
Que tal um livro usado?

Se entre os livros novos os preços mais baixos saem a R$ 3, no estande da Feira do Sebo, da Fundação Garibaldi Brasil, é possível encontrar publicações a partir de R$ 0,50. O valor varia de acordo com a obra, mas não ultrapassa o preço de R$ 10 - todos usados e já lidos pelo menos uma vez. Mas em bom estado de conservação.
"Aqui a gente aceita também a troca. Quem já leu algum livro e quiser doar pode vir no estande para deixar um e pegar outro. Sem ter que pagar nada. O que queremos é incentivar a leitura, a circulação de publicações", garante uma das atendentes do estande.
A Feira do Sebo é realizada todos os anos durante os fins de semana, no Mercado Velho. Com o período das chuvas, teve um recesso, mas a previsão é de voltar ainda este mês de junho às atividades.
LPs - Dependendo da idade, é possível que você ainda não tenha visto, mas já ouviu falar. Os LP's, antecessores dos CD's, também podem ser encontrados na Feira do Sebo durante a Bienal, e atraem pessoas de todas as idades. Títulos de várias épocas, diferentes autores, tudo por R$ 3.
O "bolachão", como também é chamado, despertou a curiosidade do estudante José Félix. "Minha mãe tinha uns em casa, mas eu nem me lembrava como era. Estou gostando da feira porque aqui venho aprendendo muita coisa", disse o jovem.

Boa viagem!
Para quem quiser entrar nesse universo de cultura, a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura estará aberta até o próximo domingo, 7, na Praça da Revolução e Biblioteca Pública do Acre. A programação diária pode ser conferida no site da Agência de Notícias do Acre.
O horário de funcionamento das atividades é pela manhã, das 9 às 12 horas, e à tarde, das 15 às 21 horas. As oficinas, palestras e debates são gratuitos. É só achar um horário e aproveitar a companhia da literatura. Afinal, como diria outro famoso escritor brasileiro, Mário Quintana, "o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado".

Fonte: Agência de Notícias do Acre.

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