segunda-feira, 28 de junho de 2010

Salão de Humor da Amazônia

Caros amigos e colegas do tinteiro. Afiem as penas. Vem aí o 3º Salão de Humor da Amazônia.
em breve o regulamento que terá novidades como caricaturas e filmes de animação de 1 minuto.
abs. Biratan

Mais um grupo do Acre está entre nós esta semana

Na semana passada, a banda Caldo de Piabas esteve por aqui dentro da programação do Conexão Vivo. Neste sábado é a vez do teatro acreano, que se faz presente através do grupo “De olho na Coisa”, que se apresentará no Espaço Cultural Sesc Boulevard, na Doca, dentro da programação do projeto Amazônia das Artes.

A apresentação do espetáculo de bonecos “O Espelho da Lua” está marcado para 19h30, com entrada franca. Com manipulação direta de bonecos, a trama conta a estória de guerreiros indígenas que, apaixonados, fazem de tudo para conseguir os seus intentos amores. É, na verdade, a lenda da Vitória Régia, em uma versão romanceada.

A índia Naiá se apaixona pela lua e desaparece no rio onde a lua é refletida, sendo encantada, depois, em uma flor Vitória Régia. Nesta história, porém, surge outro personagem na história, o índio chamado Aitiê, que é apaixonado pela indiazinha e tenta de todas as formas tirar Naiá do caminho até a Lua.

O grupo de teatro “De Olho na Coisa” originou-se do teatro popular pela iniciativa de José Marques de Souza (Matias), em 1971, nas comunidades periféricas situadas na cidade de Rio Branco, no Acre.

Desenvolve ações junto a minorias como os sem-teto, os sem-terra, meninos e meninas em situação de rua, migrantes e seringueiros em más condições de sobrevivência, tendo como estratégia trabalhar com o teatro para fazer denúncias das injustiças sociais, daí o nome De Olho na Coisa.

Assim, juntou-se a outros movimentos como as comunidades eclesiais de base da igreja católica, entre outros. Paralela a essa ação política realizou oficinas e montou espetáculos, promoveu encontros e reuniões artísticas tendo contribuindo no fortalecimento do movimento artístico no Acre.

No final da década de 1990, após a perda de seu grande mestre Matias, o grupo sofreu uma lacuna na sua produção e, a partir de 2001, construiu uma oficina/montagem, conseguiu novamente aumentar sua produção teatral, onde passou a montar dois espetáculos por ano.

O grupo de teatro de Olho na Coisa, no decorrer de sua existência já montou mais de 30 espetáculos e esquetes. Atualmente, vem trabalhando com quatro espetáculos: A História do Homem que Vendeu a Alma ao Diabo e quase Perdeu o seu Amor; O Circo do seu Bolacha; Quadrilha – um Romance Sertanejo; e O Espelho da Lua.

Para saber mais sobre o movimento cultural no Acre, acesse também o Blog em homenagem ao fundados do grupo, o Mestre Matias.


Fonte: Holofote Virtual

sábado, 26 de junho de 2010

Além da Letra - Depoimentos

Na primeira de minhas andanças com o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER), conheci Matias, um dos participantes da Oficina que orientei então(Rio Branco (Acre), idos de 1993).   Seringueiro e ativista cultural, figura marcante pela simplicidade, irradiou poesia e  iluminou meu trabalho naquele Encontro. Mas eu nem imaginava a importância dele para aquela região.  Relembrando-o, agora, busquei mais informações com Francisco Gregório Filho, companheiro do PROLER, que também conheci naquela ocasião – professor de Artes Cênicas, escritor, contador de histórias, fazedor de pipas, que agora também inova assumindo a primeira Secretaria de Leitura do Brasil (Nova Friburgo-RJ). Ambos são poetas acrianos inesquecíveis, juntos no texto que afavelmente me enviou Gregório. (MHM)

O MATIAS

José Marques de Sousa, o Matias, seringueiro e ativista cultural fez uma trajetória longa e diversificada, dos seringais do Vale do Juruá até sua participação em movimentos sociais, em Rio Branco (Acre), como teatrólogo.  Utilizava o teatro para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas. Homem seringueiro – castanheiro, extrativista – década de 1970 – Rio Branco – Acre. Matias e sua família, já moradores da “periferia”, baixada, Aeroporto Velho, Baía, Palheral, bairros de invasão. De ex-seringueiros, expulsos dos seringais pelos fazendeiros e seus jagunços. Conflitos das terras adquiridas por esses fazendeiros do sul do país dos antigos seringalistas. Transações consideradas “empreendimentos” e receberam incentivos do governo federal, a partir do governo Médici: ocupação da Amazônia.
Pois bem, minha querida professora Maria Helena Martins, nessa década de 1970 é que fui conhecer aquele homem forte, falante, com expressão larga, pele queimada do sol e com alguns dentes quebrados e outros já extraídos da boca, sob um pequeno bigode de fiapos de cabelos desalinhados. Matias gostava de andar pelas ruas dos bairros e muitas vezes pelo centro da cidade sem camisa ou de camisa aberta no peito.Suava muito, vivia ensopado de suor. Demonstrava uma luta cotidiana para conseguir o “feijão com arroz” para alimentar os filhos.  Os pés sempre enfiados naquelas sandálias de dedo ou em alpargatas.

Uma fala mansa, macia, mas quando precisava, projetava-a de forma vigorosa. Conheci Matias numa sessão do Cineclube Aquiry, com o Programa Circuito nos bairros, projetando o filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, baseado no livro de Graciliano Ramos. Durante o debate ouvi a voz contundente daquele homem que parecia personagem de filme. Fiquei comovido com aquela imagem e aquele discurso vibrante, duro e esperançoso. Um homem pós-alfabetizado e leitor de mundos (dos humanos e suas lutas sociais, políticas e culturais).

Convidei o Matias para almoçar comigo no dia seguinte. Almoçamos um prato-feito no Mercado Velho de Rio Branco, na pensão de dona Nazira: Feijão, arroz, farinha e cozido de costela de boi com jerimum. Soube então que Matias queria desenvolver com seus vizinhos as chamadas “dramatizações”. Já elaborava algumas cenas na cabeça sobre fatos ocorridos recentemente com as famílias moradoras daqueles bairros.

À época (1976 a1979) eu dirigia no Acre o Departamento de Assuntos Culturais – DAC e ainda produzia dois programas de rádio, o Perfil Contemporâneo, na radio Difusora Acreana e Momento Experiência, na Rádio Novo Andirá. Logo o convidei para participar dos programas e a assistir a espetáculos de teatro do Grupo Ensaio, nos quais eu fui diretor e ator.

Matias esboçava já em folhas soltas de papel a escrita de algumas cenas das dramatizações  sobre o esforço de muitos pela sobrevivência e participação político-social. Naqueles anos eu também escrevia, de uma maneira muito simples, algumas peças de teatro sobre temas relativos às lutas sociais. Escrevia e promovia umas leituras para grupos de jovens das igrejas católicas, engajados na Teologia da Libertação e nós chamávamos de Pastoral da Juventude da Prelazia do Acre que tinha a coordenação do Bispo Dom Moacir Grecci.

Matias também participava dessas leituras e debates. Era também chamado por nós de Baia, mas até hoje não tenho muita clareza sobre o porquê do apelido. Nesse período, na segunda metade da década de 1970, recebemos em Rio Branco a visita Aldomar Corrado, professor de teatro, da Escola de Teatro da FEFIERJ, do Rio de Janeiro. O professor e dramaturgo, que naquele período, era assessor do Serviço Nacional de Teatro (SNT) foi comigo assistir ao espetáculo do Grupo das Dramatizações do Matias, que se apresentava num espaço comunitário do bairro Aeroporto Velho.  Naquele espetáculo o grupo encenava a morte de um rapaz pela polícia, fato real, ocorrido há alguns dias atrás. Matias conseguiu que a mãe do rapaz morto subisse ao palco para interpretar sua própria personagem. Coisa de doido. Fulminante. Emoção Pura. Depois o debate corria até tarde da noite de forma vibrante. Tempos depois o professor Aldomar escrevia sobre aquela experiência numa revista de teatro da SBAT (Sociedade Brasileira de Teatro) e em relatórios do SNT. Ganhou repercussão nacional quando  foram publicados.

Matias criou então o grupo de teatro “De olho na coisa” que participou do Teatro Barracão, da Federação de teatro Amador do Acre e do movimento de teatro amador brasileiro.
Professora Maria Helena, assim lembro de Matias, poeta, dramaturgo, encenador, militante cultural e grande guerreiro das causas sociais e artístico-culturais do Acre.
Depois, lá pelos anos de 1987, quando fui presidente da Fundação de Cultura do Estado, chamei o Matias para participar da minha equipe e ele dirigiu e coordenou as atividades do Teatro Barracão.

Essas são minhas lembranças, por ora, desse homem criador e produtor cultural. Lembranças muito associadas à minha própria história de vida e trabalho. No início dos anos 1990, com o Programa Nacional de Incentivo à leitura – Proler, da Biblioteca Nacional, do Ministério da Cultura, reencontrei Matias durante a programação de um seminário de leitura do qual você, professora querida, participava, ministrando uma oficina de leitura e memória. Matias participou de sua oficina, não foi? É isso mesmo?
Bom, você vai saber lembrar melhor do que eu, sim?

Matias fez a passagem dele. Fica conosco essa memória desse brasileiro, artista, inventivo, crítico, protagonista de belas histórias para se contar e preservar. Quando encontrá-lo novamente vou pedir a benção e cantar como cantávamos juntos:
”mandei caiar minha casa
Mandei... mandei... mandei...
Mandei caiar de amarelo
Caiei... caiei... caiei...”

Francisco Gregório Filho
- Rio de Janeiro, fev/2010

Pernas de pau

Matias realizando oficina no Centro de Formaçao do Seringeurio em Xapuri 
Projeto social 1995
Arquivo: Grupo de Olho Na Coisa
.
 
Caminhar sobre pernas de pau, era uma das coisas que Matias gostava de ensinar e incentivar no teatro, o que muitas vezes usou em suas apresentações teatrais. E que ainda hoje é utilizada pelo Grupo de Olho na Coisa.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Grito do Mapinguari




Animação feita especialmente para a abertura do FestCine Amazônia 2009, dirigida e animada por EricK Richard, Fernando Caetano (Fantashik), Francisco Bezerra e Saulo de Sousa (Sallinos), produzida em aproximadamente 4 meses desenhada folha á folha e colorida digitalmete, trilha sonora de Agenor e Rud Prado e finalização de Gilmar Santos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A retomada de um ponto histórico do teatro acreano

Teatro Barracão, símbolo da cultura popular do Acre, é revitalizado e entregue para a população
Escrito por Samuel Bryan
06-Nov-2009

Nos anos 80, os grupos de teatro do Acre não tinham muitos espaços para suas manifestações. Por isso, eles se uniram e juntos lutaram por um espaço só deles. Foi então que o governo deu o que tinha, o local que antes estava destinado a ser o necrotério do Hospital Geral na época. Era pegar ou largar. E eles pegaram. O precursor dessa história foi José Marques de Sousa, o Matias, um dos maiores teatrólogos do Acre, que fundou então o Teatro Barracão, que na manhã dessa sexta-feira, 6, mesmo debaixo de uma intensa chuva, foi reinaugurado após uma revitalização que expandiu e melhorou o que já é um marco da cultura acreana. Dezenas de pessoas se reuniram para a entrega do novo espaço do Teatro Barracão, na Baixada do Sol, entre fazedores culturais de gerações distintas, mas que se misturam e se unem em uma causa comum, expandir a cultura acreana. "A história da cultura no Acre foi feita no Teatro Barracão", afirmou Daniel Zen, presidente da Fundação Elias Mansour. Para a revitalização do Barracão, que se encontrava bastante abandonado, foram investidos R$ 125.681,78, sendo R$ 86.104 provenientes de convênio celebrado com o MinC, oriundos do projeto Rede de Pontos e Casas de Leitura, e R$ 39.577,78 de recursos próprios do Tesouro estadual.
"É um espaço da comunidade, uma porta de cultura", explica o teatrólogo Lenine Alencar, também um grande parceiro de Matias. O Barracão envolve os bairros Aeroporto Velho (Ginásio Coberto), Bahia, Sobral, Palheiral, Pista, Boa União, Glória, João Paulo, Boa Vista e Plácido de Castro, uma região que necessita desse tipo de incentivo, rica em saberes culturais e talentos a serem descobertos. A reinauguração também foi marcada pela apresentação do espetáculo teatral O Pequeno Circo e Outras Criaturas, da Companhia Circo Teatro Capixaba.
A administração do espaço passa a ser da Federação de Teatro do Acre, Fetac, e do grupo de teatro do próprio Barracão, o De Olho na Coisa. O termo de concessão também foi assinado durante a cerimônia por James Cardoso, presidente da Fetac. Além disso, as salas do Barracão foram modificadas e cada uma recebeu o nome de um artista A Sala Matias com capacidade para 150 lugares abrigará apresentações teatrais. O espaço de inclusão digital foi batizado com o nome do diretor teatral e ator, Beto Rocha; no espaço que leva o nome de Vó Nazaré, contadora de histórias e atriz, funcionará a biblioteca. A Sala Multimídia, leva o nome do poeta, compositor e bailarino Maués Melo.

Matias: de seringueiro a teatrólogo
A lembrança de Matias foi o que mais esteve presente na cerimônia de reinauguração do Barracão. Lembrança forte, que emocionou a todos os presentes, mesmo aqueles de uma geração seguinte que não tiveram tanto contato com o teatrólogo. Dos seringais do Vale do Juruá até sua participação em movimentos sociais em Rio Branco, como teatrólogo, José Marques de Sousa, o Matias, contribuiu com os movimentos sociais no Acre, utilizando o teatro para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas.
Quando perguntando sobre a emoção de ver o espaço que seu pai criou totalmente revitalizado, Moisés Matias apenas mostra o quanto seu braço está arrepiado. "É uma emoção muito forte, uma alegria muito grande, não é um espaço comum, é um espaço onde ele passou seus anos mais férteis. Aqui ele teve vários filhos, as pessoas que ele trouxe para o teatro", disse Moisés. Muramde Souza, também filho de Matias, conta que "estou voltando para a minha casa, fui criado aqui, é o sentimento de estar voltando para a casa dos meus pais".


Marcus Vinícius, presidente da Fundação Garibaldi Brasil, disse que "quando pensávamos em manifestações culturais no Acre, tínhamos como referência o Matias. Nem todos que estão aqui sabem exatamente a força e a importância que o Matias teve". Importância essa que poderia ser vista refletida em Valério, um senhor com mais de 70 anos, que foi ensinado por Matias a andar de perna de pau e que vestido de palhaço e sorrindo bastante estava lá, com suas pernas de madeira.
Prêmio Matias de Culturas Populares
imagem_018.jpg
Teatro Barracão é resultado da inquietação de artistas acreanos e foi referência na área de cultura popular (Foto: Val Fernandes/
FEM)
Junto a reinauguração do Teatro Barracão, Daniel Zen assinou o edital de lançamento do Prêmio Matias de Culturas Populares. O prêmio é uma iniciativa do Governo do Estado do Acre, através da Fundação Elias Mansour e tem como objetivo reconhecer e premiar Mestres e Grupos/Comunidades praticantes de iniciativas exemplares que envolvam as diversas expressões culturais populares acreanas.
Serão premiadas 10 pessoas e grupos. As inscrições já estão abertas e vão até 6 de fevereiro de 2010. Por enquanto, o edital da premiação está disponível na seda da Fundação Elias Mansour. A reinauguração do Teatro Barracão e o lançamento do Prêmio Matias de Culturas Populares aconteceram um dia depois Dia Nacional da Cultura, valorizando ainda mais a produção cultural do estado do Acre.


Fonte:  Agência de Notícias do Acre

Teatro Barracão - símbolo de resistência cultural

Teatro Barracão - símbolo de resistência cultural

Escrito por Rose Farias, assessoria/FEM
05-Nov-2009

Reabertura do espaço será marcada pelo lançamento do Prêmio Matias de Culturas Populares, apresentação do espetáculo O Pequeno Circo e Outras matias_scan_01_.jpgCriaturas, da Companhia Circo Teatro Capixaba, e homenagens


José Marques de Souza, o Matias, líder do movimento social e teatrólogo (Foto: Arquivo/FEM)

Símbolo de resistência cultural na década de 80, o Teatro Barracão, após passar por um processo de revitalização, será entregue à comunidade nesta sexta-feira, 6, a partir das 9 horas, em solenidade de lançamento do Prêmio Matias de Culturas Populares, apresentação do espetáculo O Pequeno Circo e Outras Criaturas, da Companhia Circo Teatro Capixaba, e homenagens.

O espaço funcionará como Ponto de Cultura com o subprojeto Teatro Barracão: Resistência Cultural e Memória Popular, como parte da Rede de Pontos de Cultura do Acre, projeto do programa Cultura Viva, através de convênio entre o Governo do Acre e o Ministério da Cultura.

A gestão será compartilhada entre a Fundação de Cultura Elias Mansour e a Federação de Teatro do Acre (Fetac). Foram investidos R$ 125.681,78, sendo R$ 86.104 provenientes de convênio celebrado com o MinC, oriundos do projeto Rede de Pontos e Casas de Leitura, e R$ 39.577,78 de recursos próprios do Tesouro estadual.

O Barracão constitui-se num espaço que surgiu com a comunidade, como parte de um movimento importante e preciso envolto em questões sociais. A retomada de suas atividades articulará um processo de mobilização social, artístico e econômico.

"A idéia é otimizar todo esse processo com atividades de capoeira, teatro, vídeo, leitura e culturas populares. Revitalizamos um espaço e com isso a sua memória, dentro de um processo coletivo que abrange a comunidade, bem como a história do movimento teatral. De forma social esse projeto trabalhará no exercício da cidadania, elevação da auto-estima e diminuição de risco social, por se tratar de uma intervenção direta em uma área sem acesso aos bens culturais. No econômico, será trabalhado a geração de renda, entre apoio operacional, pesquisadores e artistas-instrutores das oficinas, preparando cerca de 260 multiplicadores e ainda oportunizando a movimentação do mercado consumidor de artes através das apresentações", explica Daniel Zen, presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour.

convite_teatro_barraco.jpg

Salas homenageiam artistas acreanos

O novo projeto traz salas que homenageiam ícones da cultura acreana como José Marques de Souza, o Matias, líder do movimento social e teatrólogo. A Sala Matias com capacidade para 150 lugares abrigará apresentações teatrais, oficinas e outras atividades, sob a coordenação do grupo teatral De Olho Na Coisa criado pelo ativista cultural Matias. O espaço de inclusão digital será batizado com o nome do diretor teatral e ator, Beto Rocha; no espaço que leva o nome de Vó Nazaré, contadora de histórias e atriz, funcionará a biblioteca. A Sala Multimídia, leva o nome do poeta, compositor e bailarino Maués Melo. O espaço terá um estúdio, que trabalhará com produções audiovisuais e musicais.

Localizado na Baixada do Sol, que envolve os bairros Aeroporto Velho (Ginásio Coberto), Bahia, Sobral, Palheiral, Pista, Boa União, Glória, João Paulo, Boa Vista e Plácido de Castro, o Barracão volta ao cenário cultural com um calendário de apresentações teatrais, oficinas, cursos e outras atividades artísticas com o propósito de envolver a comunidade para que possam exercer com cidadania uma sustentabilidade através do fazer artístico e cultural.

A Federação de Teatro fundada em 07 de maio de 1978 com o objetivo de apoiar, defender os interesses dos grupos filiados, representantes de comunidades, poderes públicos e privados também fez parte desse processo de afirmação e reconhecimento do Teatro Barracão. "O objetivo é que possam existir cada vez mais espaços como o Barracão que funcionará como uma sede da comunidade e do grupo "De olho na Coisa" que assim como outros grupos poderão desenvolver lá suas atividades artísticas", afirma o ator e diretor de teatro Lenine Alencar.

Matias, o mestre e ativista cultural

Dos seringais do Vale do Juruá até sua participação em movimentos sociais em Rio Branco, como teatrólogo, José Marques de Sousa, o Matias, contribuiu com os movimentos sociais no Acre, utilizando o teatro para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas.

De seringueiro a teatrólogo, Matias, influenciou a vida das pessoas que com ele tiveram contato, das mais simples que mudaram suas histórias de vidas através do trabalho desenvolvido com o teatro, aos artistas e também os intelectuais.

Matias foi um dos maiores representante do ativismo cultural no Acre. Sua história como teatrólogo se confunde com a do Teatro Barracão, foi a partir dessa rica vivência, entre o movimento social e a cultura popular, que Matias criou o grupo de teatro De Olho na Coisa, além de contribuir para o fortalecimento do movimento cultural no Acre.

Desenvolveu ações na área do teatro popular, com o objetivo de formar profissionais e consciência sócio-política ambiental, trazendo nas muitas peças que criou uma abordagem crítica da realidade social. Iniciou em 1979 um movimento organizando grupos de teatro que realizavam apresentações gratuitas, reunindo jovens e instituições religiosas. Após uma pausa em seus trabalhos, Matias passou a se empenhar em movimentos populares e políticos embora tenha voltado mais tarde para o teatro. Seus trabalhos sempre foram baseados no teatro denúncia, como as peças: Tributo a Chico Mendes e Clamor da Floresta.


Fonte: http://www.agencia.ac.gov.br/