Por Saulo de Sousa
Matias, nascido em uma colocação de seringueiros, desde cedo aprendeu a lidar com a floresta, a respeitá-la. Sabia ler os sinais da mata, os cantos dos pássaros, e sempre externou seu desejo de voltar à floresta. Mas por motivos mais fortes não o pôde fazê-lo.
Matias, nascido em uma colocação de seringueiros, desde cedo aprendeu a lidar com a floresta, a respeitá-la. Sabia ler os sinais da mata, os cantos dos pássaros, e sempre externou seu desejo de voltar à floresta. Mas por motivos mais fortes não o pôde fazê-lo.
Como homem da floresta, foi seringueiro, sabia que ao fazer um corte deveria ter cuidado para não deixar a seringueira morrer. Caminhou por varadouros cortando e retirando o leite desta árvore que por muito tempo foi a vida de muitos antes dele. Matias era chamado assim por ser filho de Moisés Matias de Sousa (1901 - 2001), cearense, alfabetizado que chegou ao acre ainda jovem e tornou-se seringueiro, Matias era o filho mais velho e com seu pai aprendeu que o conhecimento era necessário para sobreviver. Essa convicção de que deveria buscar conhecimento trouxe Matias a cidade, trazendo com ele esposa e filhos.
Foi na cidade que Matias descobriu que havia algo errado, injustiças, um choque para um seringueiro que tinha uma vida diferente daquela que acabava de começar para ele. Para Matias era preciso falar e denunciar o que acontecia àquele povo que vinha das matas para a cidade, era estranho que um documento de Identidade valesse mais que a palavra de um Homem. Era preciso entender aquilo. Mas a expressão era restrita em uma época de ditaduras, aí surge algo para motivá-lo, o Teatro Amador. O Teatro foi a porta que Matias esperava para expressar suas ideias, escrever seus textos baseados no homem da Floresta, na luta do Povo por justiça. É com esse aspecto de luta que Matias influenciou o Teatro Popular no Acre, com seu jeito simples de fazer e ensinar Teatro, representado nas peças: "O Clamor da Floresta e As Matanças de Pedro Biló".
Durante a minissérie da Rede Globo Amazônia, de Galvez a Chico Mendes de 2007, Matias foi colocado junto a Chico Mendes e Hélio Melo na louvação do grupo acreano Jabuti-Bumbá:
‘Viva Chico e Hélio Melo, viva a floresta viva, viva Matias e o teatro popular, viva o Jabuti Bumba’”.
Reverenciando a cultura popular do Estado do Acre.