Matias: De Olho Na Coisa
Blog sobre o seringueiro, lider social e teatrólogo acreano José Marques de Sousa, o Matias.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Nosso jeito de viver e fazer cultura (Destacando Matias e o movimento teatral)
Por Rose Farias (Assessoria FEM)
Do Cine Éden ao ativismo cultural na Baixada
Nas décadas de 1920, 1930 e 1940, o principal meio de comunicação na capital acreana era o transporte fluvial. Nesse período, o Cine Éden (Cine Teatro Recreio) foi uma das mais arrojadas casas de espetáculos de Rio Branco, promovendo por mais de duas décadas recitais, concertos, projeções cinematográficas, peças teatrais e conferências de interesse público.
Na época do Cinema Mudo, quando as sessões de filmes eram acompanhadas por instrumentistas, a pequena orquestra do Cine Éden era regida por um pistonista, Plácido de Paiva Melo, e por uma pianista, Hilda Leite. E para avisar o início da projeção, um alto-falante, instalado no prédio, reproduzia o “Cisne Branco”.
“Quando o alto-falante tocava anunciando as matinês, as pessoas que iam de um lado a outro, fregueses do largo passeio entre o Bar Brotinho e o cinema, corriam para a sessão. Era maravilhoso, pois esperávamos com ansiedade os filmes, que demoravam a chegar cerca de três meses, porque tudo era feito por transporte fluvial - eram as chatas que traziam os filmes”, relata Raimundo Ferreira, antigo morador do bairro Quinze, no Segundo Distrito, e frequentador assíduo do antigo Cine Éden.
O figurino era parte essencial para o sucesso de um filme e o guarda roupa das atrizes inspirava a moda local. “Lembro que tirávamos dos filmes os modelos para irmos aos bailes. Lembro de Grace Kelly, Doris Day: era a época das saias amplas e cintura marcada. Amava Rita Hayworth em ‘Gilda’, com aqueles cabelos compridos e cacheados. Mas para mim, a maior de todas foi Audrey Hepburn, principalmente em ‘Bonequinha de Luxo”, revela a professora Maria Celeste Coelho, moradora do Segundo Distrito.
Além de projeções cinematográficas, o espaço era movimentado por companhias teatrais que chegavam de outros estados, além das iniciativas do teatro amador local, com destaque para os nomes Osvaldo Pinheiro de Lima e Garibaldi Brasil.
“O antigo cinema do Segundo Distrito é patrimônio histórico. Ele nos remete ainda às influências e tendências do cinema mundial, de década por década, tendo contribuído grandemente para a informação e formação de várias gerações pela inegável posição de ‘porta para o mundo’. É uma referência da memória social de Rio Branco”, descreve a historiadora Fátima Almeida.
A irreverência do poeta
Um dos frequentadores do Cine Recreio era o poeta Juvenal Antunes, que costumava ser aplaudido de pé ao entrar no espaço. Juvenal nasceu em 1883, no Rio Grande do Norte, e chegou ao Acre em 1912, para ser promotor público. O estilo irreverente e anarquista, fez dele um ícone da cultura acreana nessa época. Boêmio, Juvenal amava vestir seu robe de chambre e andar de um lado a outro recitando suas poesias, na calçada do Hotel Madri.
“Ele era um sujeito baixinho e magrinho. Juvenal morava no Hotel Madrid que era dos meus pais, onde hoje funciona a Fundação Elias Mansour. Tomava todo dia uma cerveja e quando ficava um pouco 'alto' começava a recitar suas poesias, algumas eram consideradas indecentes pela sociedade da época. Uma vez ele caiu no barranco, pois estava sentado à mesa com um guarda-sol e veio um vento derrubou a mesa e ele foi junto”, lembra a escritora Florentina Esteves.
A escritora possuía uma das raras publicações de Juvenal Antunes, livro que ela entregou à novelista Glória Perez, para ajudar na pesquisa sobre o personagem retratado na minissérie ‘Amazônia: de Galvez a Chico Mendes’. "O que está na minha memória bem viva é esse trecho poético que acho magnífico: 'Bendita sejas tu, preguiça amada, que não consentes que eu me ocupe em nada'", diz Florentina.
Os bailes da Tentamen
No carnaval do Segundo Distrito, além dos grupos
carnavalescos e dos bailes, eram comuns as batalhas de confetes (Foto: Patrimônio Histórico) | |
Mas não era somente o Cine Recreio que animava as noites do Segundo Distrito da capital. Havia também os Arraiais da Igreja Nossa Senhora da Conceição, a sinuca do Hotel Madrid, os encontros no Bar Brotinho e os bailes da Sociedade Recreativa Tentamen, famosos por abrigar a fina flor da sociedade acreana.
“As famílias tradicionais dos seringalistas, as autoridades políticas e os comerciantes abastados frequentavam os bailes da Tentamen. Essas famílias moravam na rua 1º de Maio, chamada também de Rua África, era a nata da sociedade. As moças dessas famílias, principalmente, se vestiam muito bem”, diz Florentina ao lembrar as fantasias elaboradas usadas pelos brincantes nos bailes carnavalescos e nas batalhas de confete.
“Quem frequentava a Tentamen não ia aos bailes do Rio Branco e vice-versa”, conta a escritora sobre a rixa entre moradores dos primeiro e segundo distritos da cidade. “A disputa entre os blocos carnavalescos era a maior. Eles se esmeravam nas fantasias e na animação para superarem um ao outro”.
Patrimônio histórico-cultural de Rio Branco, a Tentamen foi fundada em 1924. O prédio, que mantém até hoje os famosos lambrequins (desenhos em madeira) na fachada, é todo em madeira e segue o estilo dos casarões erguidos durante o boom da borracha.
O Cinema Acreano
As décadas 1970 e 1980 viram nascer o Estúdio de Cinema Amador de Jovens Acreanos (Ecaja). Formado pelos cineastas autodidatas Aldalberto Queiroz, Tonivan e Teixeirinha do Acre, que mudou o nome artístico para João Manhãs, o grupo surgiu do sonho de produzir radionovelas.
“Para nós, jovens que morávamos longe dos grandes centros de efervescência cultural, era tudo mais difícil. Foi com o cinema que mudamos a nossa visão de mundo. Nós somos a vanguarda do Movimento Cultural no Acre, pois conseguimos não apenas produzir filmes, mas romper com vários processos. Uma das coisas que fizemos foi ir ao Palácio Rio Branco, no dever político de coletivizar a nossa luta inicial. Quando chegamos lá tivemos que ouvir: “Vão plantar batatas que vocês vão fazer melhor negócio”. Pensa que a gente desistiu? Não. Foi isso que nos fortaleceu e insistimos até conseguirmos ser ouvidos”, conta Adalberto, atual presidente da Associação Acreana de Cinema (Asacine).
O grupo reivindicava um órgão de apoio para a cultura, e foi a partir daí que foi criado o Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação, a Fundação Cultural, e na Biblioteca Pública, o Grupo Ecaja ganhou um espaço para as reuniões – que mais tarde serviu para abrigar a antiga filmoteca. “Tudo isso foi conquistado devido às nossas participações em festivais nacionais de cinema em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Os governos Geraldo Mesquita e Joaquim Macedo foram importantes para essas conquistas”, diz Adalberto Queiróz.
“A gente buscava inspiração nas novelas que a gente ouvia na Rádio Difusora Acreana e criava os roteiros. Era a época do super 8mm, e tudo era feito da nossa vontade e paixão pelo cinema”, comenta Tonivam, que hoje é o coordenador da Filmoteca Acreana. Ele relembra ainda que o Ecaja produziu cerca de oito filmes super 8mm, e que hoje se encontram em processo de digitalização.
“Fracassou meu Casamento”, de Teixeirinha do Acre, foi o primeiro longa-metragem produzido pelo grupo, além de “Rosinha, a Rainha do Sertão”, “Gatinhas e Gatões”, entre outros. “A gente tinha que gravar os ruídos, os diálogos e música nos gravadores, e depois é que era mixada a trilha sonora com as imagens. Era a sonoplastia: o som da água feito na bacia, da porta fechando, do trote do cavalo. Tudo era feito em equipe: o Tonivan e o Teixeirinha ajudavam na concepção do roteiro, na trilha sonora, nas filmagens”, conta Adalberto Queiroz.
O movimento teatral
Na década de 1980, o teatro local alcançou forte expressão. Herdeiros do espírito dos anos setenta – marcados pelos conflitos por posse de terras, o surgimento do jornal Varadouro e o cineclube Aquiri –, os artistas usavam a linguagem teatral como forma de protesto.
“A gente queria dizer que a cultura brasileira não era somente o que os cariocas faziam e o que era reproduzido pela TV”, lembra Dinho Gonçalves, um dos integrantes do grupo ‘Direto do Rio’ – formado também por Ivan de Castella, Alexandre Nunes, Rogério Curtura e Antônio de Alcântara.
O ‘Direto do Rio’ usava a sátira como forma de expressão. “A gente queria denunciar muitas coisas, entre elas a expulsão dos seringueiros da floresta, além de outras formas de opressão, preconceito, conflitos e denunciar o governo, que detonava com a população. Isso tudo de forma bem humorada”, conta o ator Ivan de Castella.
Foi neste período que surgiu o Teatro Barracão. A falta de espaços para que os grupos desenvolvessem suas atividades levou o movimento teatral na época a lutar para que o Barracão, ao invés de virar o necrotério do Hospital Geral, se constituísse num lugar de fruição das diversas linguagens artístico-culturais. A pressão dos artistas surtiu positivamente. Eles conseguiram o que pretendiam, isso tudo graças ao ativismo cultural de José Marques de Sousa, o Matias, um dos maiores teatrólogos do Acre.
“O Barracão é a história do Matias. Sua arte era o teatro popular e ele a usava para e mudar a vida das pessoas que conviviam com ele, tentava passar para elas, pessoas simples, uma consciência sócio-política ambiental”, comenta Lenine Alencar, presidente da Federação de Teatro do Acre (Fetac).
Localizado na Baixada da Sobral, após ter passado por nova reforma, o Teatro Barracão foi reaberto há cerca de um mês, pela Fundação de Cultura Elias Mansour, atendendo reinvindicação da comunidade. O espaço abriga salas que homenageiam ícones da cultura acreana. A Sala Matias, por exemplo, tem capacidade para 150 lugares e é palco de apresentações teatrais, oficinas e outras atividades. O espaço de inclusão digital traz o nome do diretor teatral e ator, Beto Rocha. Nele, além de funcionar o Telecentro, serão desenvolvidas oficinas de cultura digital com a comunidade. No espaço que leva o nome de Vó Nazaré, contadora de histórias e atriz, funciona a biblioteca. A Sala Multimídia leva o nome do poeta, compositor e bailarino Maués Melo. O Barracão também agrega o Cine Baixada, criado recentemente por um grupo de jovens da comunidade.
A música dos festivais
Assim como no teatro, a música no Acre teve um período de grande difusão com os festivais de música. Eles foram espaços de divulgação da produção musical autoral, que trazia a identidade cultural acreana, marcada por vários estilos musicais. Um dos projetos mais arrojados teve sua primeira edição em 1980, o Festival Acreano de Música Popular, o Famp.
“Antes mesmo de falar das consequências que os ‘Famps’ tiveram sobre a música acreana é preciso lembrar que a partir de 1983 esse movimento foi engrossado pela realização dos Festivais do Amapá, tornando a década de 1980, fundamental para a atual identidade da música acreana”, comenta o historiador Marcos Vinícius Neves, em pesquisa para o projeto Registro Musical.
O historiador relata ainda que os festivais serviram para que toda uma nova geração de músicos acreanos despontassem no cenário cultural. “Àqueles músicos que desde os anos 1960 e 1970 vinham produzindo e divulgando a música no Acre, como Crescêncio Santana, Da Costa, os irmãos Gallo, os irmãos Mansour, Geraldo Leite, juntaram-se aos jovens que produziam, não só música, mas poesia, informação, ideias, comportamentos e opiniões. Nomes como Pia Vila, Felipe Jardim, Damião Hamilton, Sérgio Taboada, Narciso Augusto, Beto Brasiliense, João Veras, Maués, Jorge Carlos, Bacurau, Tião Natureza, e tantos outros”.
Vinícius aponta que além da quantidade de valores surgidos nessa época, outro rico fator foi a diversidade das linguagens e temáticas utilizadas por eles. “Nos festivais surgiram músicas de protesto contra a degradação ambiental, antes mesmo de a ecologia tornar-se ponto de interesse mundial; as que cantavam o modo de vida urbana dos filhos da burguesia e dos marginalizados pela sociedade; que contavam do cada vez mais duro cotidiano seringueiro, entre a melancolia da extinção e a esperança de um improvável futuro; fizeram-se músicas que denunciavam, ainda que inocuamente, a desfaçatez da política e do autoritarismo; músicas, enfim, que recuperaram para o imaginário social o encantamento da Rainha da Floresta e dos esquecidos povos indígenas do Acre”.
A cada edição era crescente a repercussão que o festival trazia levando a participação de grande público. “O Famp era o nosso espaço. Ali mesmo surgiam novas composições. Era uma vitrine de revelação de novos músicos, intérpretes e compositores acreanos”, disse o músico Clenilson Batista, do Grupo Capú.
O cantor Geraldo Leite foi vencedor do primeiro Famp, em 1980. Figuras como Pia Vila e Tião Natureza começaram a ficar conhecidos ao se apresentarem no festival. Até 1993, o Famp foi o espaço da produção musical que revelava a cada edição vários nomes e talentos.
Um dos ícones do movimento cultural acreano e um dos idealizadores do Famp, o jornalista Chico Pop, na ocasião do lançamento do Famp em 2003, foi um dos homenageados. Sua fala na época ao subir ao palco do Theatro Hélio Melo foi carregada de emoção: “Quando surgiu o festival em 1980, foi uma forma de incentivo para os artistas que tinham seus trabalhos engavetados. Agora o governo resgata esse sentimento para que novamente se possa transmitir a arte que existe no povo acreano”.
Em 2012, o Famp volta ao cenário musical acreano. “Com o tema “Pela Nossa Natureza”, pretendemos fazer o registro e divulgação da trajetória de um símbolo da cultura musical acreana, fortalecer e valorizar as nossas raízes e tudo o que nos é natural” diz a jornalista Alcinete Damasceno, à frente da Ciranda, produtora da edição 2012.
Francis Mary, presidente da FEM, também participou de edições anteriores, chegou a ser jurada ao lado de Chico Pop. “O Famp sempe foi um espaço de manifestações musicais das mais variadas. Ali se revelava vários artistas que compunham a vanguarda musical acreana. Eram poetas, escritores, vários compositores que de forma autoral cantavam o Acre, a nossa região”, disse.
Fonte: Agencia de Notícias do Acre
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Matias na Wikipédia Livre
José Marques de Sousa, mais conhecido como Matias (Tarauacá, 21 de janeiro de 1937 — Rio Branco, 25 de março de 1997), foi um seringueiro, líder social, ator, diretor,teatrólogo[1] e ativista cultural acreano. Matias utilizou o teatro amador para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Marques_de_Sousa
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Marques_de_Sousa
TARAUACÁ: NO LIMIAR DE SEU CENTENÁRIO
Isaac Melo
BREVE HISTÓRICO
O século XIX é um século de grandes explorações na Amazônia. Surgem as famosas expedições de Francisco de Orellana, William Chandless, Henry Walter Bates, Alfred Russel Wallace, Spix e Martius, Francisco Castelnau e Deville, sem falar nos inúmeros exploradores que subiam os rios amazônicos em busca das chamadas "drogas do sertão" e, posteriormente, atraídos pela borracha.
É difícil precisar quando a região de Tarauacá começou a ser povoada. Sabe-se que em 1850, o Padre Constantino Tastevin, no seu livro Le Fleuve Juruá, refere-se a um amigo português que subiu frequentes vezes o Juruá até Marari, e até mesmo ao rio Tarauacá, para troca de produtos europeus com os índios, que cambiavam produtos nativos da região. Mas um dos primeiros a percorrer a região foi João da Cunha Correia, este já em 1854 havia divisado as águas do "rio das tronqueiras".
A Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (IBGE 1957 e 1960) por sua vez ressalta que a exploração das terras marginais do “Tarauacá”, intensificou-se a partir de 1877, com a emigração de nordestinos. Em 1899, um grupo de imigrantes chega à confluência do rio Muru com o Tarauacá, fundando aí, o seringal “Foz do Muru”, que em breve cresceu de importância, pois era aí o ponto de partida para as explorações dos altos rios. O marco inicial, porém, da verdadeira história da desbravação da região, a se ter notícia positiva, data do ano de 1890, quando um grupo de desbravadores penetrou nos rio Muru e Tarauacá, na exploração de demarcação de longas faixas de terras, e formaram os primeiros seringais.
Foz do Muru, posteriormente também chamado Bairro Leôncio de Andrade, chegou a ser formado por um conjunto de casas de madeiras, algumas com telhas francesas, que davam à construção as insígnias patriarcais de uma casa-grande. O paraibano Alfredo Lustosa Cabral, depois de sete anos no seringal Redenção, Alto Tarauacá, de propriedade de seu irmão, de regresso a Patos, sua terra natal, registra o dia em que Tarauacá foi elevada à categoria de vila:
“Em princípio de janeiro de 1907, chegara ao porto de Redenção o navio “Manauense”, da firma comercial J. H. Andersen & Cia. embarcação nova, havia chegado dos estaleiros de Liverpool e a primeira viagem empreendida foi essa ao Tarauacá. Baixamos e, com dois dias, ancoramos na foz do Muru onde se encontravam seis navios fora o nosso. Chegamos felizes, pois havia ali uma festa. Estavam-se inaugurando, nesse dia, Vila Seabra. Achavam-se presentes todas as autoridades – juiz, promotor, tabelião, delegado, agentes do fisco.
Assistimos à festa, ouvindo discursos, vivas, apitos de navios e espocar de garrafas.
À tarde, o seringal da boca do Muru, já era vila Seabra, tomando o nome daquele conhecido vulto da política nacional.
Findos os discursos, ouvia-se o hino da Pátria por um gramofone e, ao som do mesmo, danças animadas com os discos da Casa Edson.
Não havia mulher na festa.
Às cinco horas da tarde, saiu pela mata uma comissão tendo, à frente, autoridades locais, para a inauguração de algumas avenidas, deixando-se nas mesmas as respectivas placas.” (CABRAL, 1984, p.107)
Tarauacá, enquanto vila, foi inaugurada pelo Dr. João Virgulino de Alencar, em 01 de janeiro de 1907, edificada inicialmente numa área medindo 500 x 400 metros, doada pela firma J.V. de Meneses e Filho, sendo ofertante os sócios José Vitorino de Meneses e Juvêncio Vitorino de Meneses, este proprietário do seringal Novo Destino, rio Tarauacá, falecido em Belém do Pará em 16 de março de 1914. Em 1904, com a primeira divisão territorial-administrativa dada ao Acre, Tarauacá passa a figurar no Departamento do Alto Juruá, sendo desmembrada deste Departamento em 1912, quando passa a constituir a sede do Departamento do Tarauacá, instalado em 19 de abril de 1913, data que deu origem as outras na qual teve início a vida do município. A prefeitura do Departamento foi instalada pelo coronel Antônio Antunes de Alencar, que se tornou o primeiro prefeito deste Departamento, permanecendo no cargo até 27 de julho de 1914.
Coronel Antônio Antunes de Alencar |
Antônio Antunes de Alencar era um dos seringalistas que havia lutado ao lado de Plácido de Castro na Revolução Acreana. Era o chefe do batalhão chamado Acreano composto por aproximadamente 360 homens. Também foi membro do Conselho Municipal de Xapuri (desfeito logo após Plácido tomar frente à Revolução), criado pelo Intendente boliviano Juan de Dios Bulientes com o intuito de pacificar e assim ter o domínio sobre o território acreano. Além disso, Antônio Antunes de Alencar foi aclamado governador provisório do Estado do Acre pelo Partido Autonomista do Juruá que havia instituído uma Junta Governativa por volta do ano de 1910. Sabe-se que até 1938 ele trabalhava e vivia no sertão baiano.
Enquanto município, Tarauacá foi criado em 24 de Abril de 1913 pelo então Dr. Sansão Gomes de Sousa com o nome de Seabra, em homenagem ao Ministro da Justiça do Brasil José Joaquim Seabra. Nesse ano, Seabra contava com uma população de 813 habitantes, sendo 523 homens e 290 mulheres, destes apenas 34 eram naturais do Território. Sansão Gomes faleceu em Belém do Pará, em 14 abril de 1931. O sistema de intendência no Brasil perdurou até 1930, quando mudou-se a designação de intendente para prefeito, como permanece até hoje. Fora então Sansão Gomes o primeiro prefeito de Tarauacá.
A 1º de outubro de 1920, em face da nova organização territorial administrativa dada ao Acre, é extinto o Departamento do Tarauacá, continuando todavia em vigor o Município de Tarauacá. Em 1943, em virtude do Decreto-lei Federal nº 6.163, a cidade de Seabra mudou a sua designação para “Tarauacá”, palavra de origem indígena que quer dizer “rio dos paus ou das tronqueiras”.
Tarauacá inicialmente foi uma cidade planejada, como revela sua planta. |
OS PRIMEIROS HABITANTES
Índios Kaxinawá em Transwaal, no rio Jordão, afluente do rio Tarauacá, em 1924. Foto Blog do Netuno |
Não dar para falar da história de Tarauacá, a começar pelo seu próprio nome, sem mencionar a presença marcante dos povos indígenas. A região era habitada por diversos grupos, os quais a maioria brutalmente foram massacrados, expulsos ou amansados. O marechal Candido Rondon chegou a registrar os seguintes grupos nessa região no início do século XX: Amauaca – localizado no rio Jordão; Bendiapa – localizado no rio Gregório, afluente do Juruá (Aruak – Katukinas); Catuichi – no rio Gregório; Kaxinawa – no rio Jordão e rio Muru; Contanau – no rio Tarauacá; Kurina ou Kulino – no riozinho de Pebedo (sic) e rio Gregório; Jaminawa – nos rios Envira, Tarauacá e Breu.
Em seu relatório ao Ministério da Agricultura referente ao ano de 1910, o engenheiro João Alberto Masô, denunciava a violência contra os povos indígenas. Narra ele o brutal fato ocorrido em 1899, quando no Rio Gregório foram mortos aproximadamente 400 índios da Tribo Ajubins, provavelmente extinta, pelo peruano Carlos Scharff e seu conterrâneo Eufrain Ruiz. Carlos Scharff trucidou ainda todos os indígenas das Tribos Jaminara (sic), no rio de mesmo nome, e os que habitavam o Paraná do Ouro.
Em seu relatório ao Ministério da Agricultura referente ao ano de 1910, o engenheiro João Alberto Masô, denunciava a violência contra os povos indígenas. Narra ele o brutal fato ocorrido em 1899, quando no Rio Gregório foram mortos aproximadamente 400 índios da Tribo Ajubins, provavelmente extinta, pelo peruano Carlos Scharff e seu conterrâneo Eufrain Ruiz. Carlos Scharff trucidou ainda todos os indígenas das Tribos Jaminara (sic), no rio de mesmo nome, e os que habitavam o Paraná do Ouro.
Inúmeras foram as “correrias” realizadas pelos exploradores para expulsar os indígenas das terras com o intuito de abrir seringais. Tarauacá abrigou um dos maiores algozes dos povos indígenas, o lendário e sanguinário Pedro Biló. Alfredo Lustosa Cabral narra uma dessas correrias no início do século XX nas proximidades do seringal Primavera, no Alto Tarauacá, contra os catuquinas:
“De pronto, foi organizada uma correria.
Era preciso ação pronta, decidida, urgente. Compunha-se de vinte homens com trezentos cartuchos Winchester cada um. (...) Penetrando na mata foram dar com as malocas depois de terem andado três dias. (...) Tomaram chegada às seis horas, hora em que o selvagem costuma estar reunido. Dormiram a certa distância do aceiro. Às cinco da manhã, avançaram formando cerrado tiroteio.
A mortandade foi grande, mas escafederam-se muitos.
Aproximando-se dos barracões conseguiram prender uns 15 corumis. Os novinhos deixaram. (...) De regresso, os prisioneiros começaram a gritar demais, sendo preciso abandoná-los, deixandos à toa, perdidos. Outros praticavam selvageria destampando a cabeça dos inocentes com balas.” (CABRAL, 1984, p. 61)
Ao todo só nessa região do Departamento do Alto Juruá vivia uma população de aproximadamente 20 mil indígenas. Hoje no Acre todo são um pouco mais de 15 mil, segundo dados do IBGE 2010, sendo Tarauacá o segundo município acreano em concentração de terras indígenas, com oito áreas que equivalem 9,8 % do município, distribuídos em 30 aldeias, com aproximadamente 1639 habitantes.
OS PRIMEIROS DESBRAVADORES
Entre os primeiros desbravadores da região de Tarauacá estão os nordestinos. Entre eles encontramos os nomes de João, José e Antonio Marques de Albuquerque. Este faleceu no seringal Paraiso, rio Muru, em 11 de novembro de 1919, sendo um dos desbravadores desse rio; Antonio Patriolino de Albuquerque – um dos desbravadores do rio Tarauacá, faleceu em agosto de 1914 na Estrada de Ferro de Bragança, estado do Pará; Antonio Frota de Meneses – grande comerciante aviador e desbravador da região, falecido no Rio de Janeiro no dia 25 de setembro de 1915; Manoel Probem de Albuquerque – um dos desbravadores dos rios Tarauacá e Envira. Faleceu na fazenda Corcavado, em Tarauacá, no dia 11 de agosto de 1943, aos 81 anos de idade; Hipólito de Albuquerque e Silva – um dos desbravadores e prefeito de Tarauacá. Pai do escritor José Potyguara; Joaquim Gonçalves de Freitas; Joaquim Teixeira de Sousa; Francisco Caetano de Oliveira; Francisco Queiroz de Oliveira; etc. A maior parte destes ajudou a fundar o seringal Foz do Muru.
ELETRICIDADE
Exemplo de uma Locomovel importada da Europa. Esta fica no museu de Usina Velha, em Ijuí – RS. |
A primeira usina de luz elétrica em Tarauacá foi inaugurada no dia 12 de junho de 1920. Fora adquirida pelo capitão Agnelo de Sousa, e ficou sob a responsabilidade da Intendência. Três anos depois, em 19 de agosto de 1923, o então motor de explosão existente na Usina Elétrica foi substituído por uma locomovel, vinda de Cruzeiro do Sul, cedida pelo governo do Acre. A locomóvel, uma máquina a vapor, foi usada no início do século XX nas grandes indústrias e também na produção de energia elétrica em cidades do interior. Uma nova Usina em alvenaria foi construída no dia 05 de fevereiro de 1943, na administração do prefeito Manoel Vieira da Cunha.
O CINEMA EDISON
Tarauacá teve a primeira casa de cinema do Departamento. Trata-se da Empresa Cinematográfica EDISON, de propriedade de José Moreira de Resende, inaugurada em 08 de Agosto de 1915. O cinema contava com um pequeno botequim interno, e oferecia a seus clientes ingressos a custo de 3$000 na primeira classe, e 2$000 na segunda. Entre outros filmes, chegou a exibir: Sorte de Juliquever, O Diamante de Budha, Tortoline rouba a bicicleta, O vencedor de Cadiz, A Tormenta, Jerusalém Libertada e Irreparável. Em ocasiões especiais chegava a ter duas sessões diárias. Também há referência de que a data de fundação do Cinema Edison é 06 de dezembro de 1915, menos provável.
GRÊMIO ACREANO
Entre uma das primeiras agremiações em Tarauacá encontra-se o Grêmio Acreano, inaugurado em 05 de abril de 1914, com um alentado discurso pronunciado, como diz um jornal contemporâneo, pelo Dr. Oscar de Paula Guimaraens, à época, redator-chefe do Jornal O Estado, orgão de interesse do Departamento.
SOCIEDADE MUSICAL EUTERPE TARAUACAENSE
Música e dança desde cedo fizeram parte da vida social tarauacaense. O primeiro a oferecer aulas de danças foi o professor José Júlio Nogueira, no ano de 1916. O professor Nogueira dava aulas em sua própria residência. Quanto à música, Maria Amelia de Souza Magalhães, professora diplomada pelo Instituto Nacional de Música, dava aulas de piano (teoria e solfejo). Também em 1916 o professor Simplício Ribeiro iniciava a Sociedade Musical Euterpe Tarauacaense.
CENTRO LITERÁRIO E RECREATIVO DR. LAURO SODRÉ
A literatura também fora algo levado em consideração pelos primeiros habitantes de Tarauacá. Assim, no domingo, 18 de março de 1917, era iniciado por José Rodrigues Bispo de Santiago, em sua alfaiataria, sob a presidência do Dr. Oswaldo Hardman Castello Branco, promotor público da comarca, o Centro Literário e Recreativo Dr. Lauro Sodré. A alfaiataria de Bispo de Santiago denominava-se Atelier Acreano, e localizava-se no Bairro Senador Pompeu.
SOCIEDADE SPORTIVA E DRAMATICA TARAUACAENSE
Esporte e dramaturgia muito mexeram com a sociedade tarauacaense. As apresentações teatrais inicialmente ocorriam no palco do grupo escolar João Ribeiro. Aí se deu as primeiras apresentações da “Sociedade Sportiva e Dramatica Tarauacaense”, fundada por iniciativa dos sócios José da Cruz de Sá, Bento Marques de Albuquerque, Antonio Murú Ramos de Meneses e Manoel Honorato de Souza. A esse grupo também se integraria o escritor e promotor José Potyguara e o maestro Mozart Donizetti. Com a fundação do Teatro Municipal, em 1933, as apresentações da Sociedade passaram a ocorrer aí. Já em 08 de dezembro de 1942, um grupo de desportistas fundava dois clubes denominados “Guarani” e “Tarauacá”.
CASAS COMERCIAIS E SERVIÇOS
CASA ACREANA – propriedade de Antônio da Costa Santos e Cia. Localizava-se à margem do Rio Tarauacá.
ATELIER ACREANO – propriedade de José Rodrigues Bispo de Santiago. Localizava-se no bairro Senador Pompeu.
PENSÃO SAPHA – propriedade do comerciante José Sapha. Era um hotel de primeira ordem e localizava-se na Rua do Comércio, no bairro Senador Pompeu.
PALMIRINHA – propriedade de Raimundo Moura. Era uma fábrica de cigarros especialmente manipulados à mão. Cigarros Bragantinos e Acaráenses.
CASA SAMARITANA – propriedade de Nagip Said, fundada em 1921.
JORNAIS
Exemplar do Jornal Official destacando o assassinato de Sólon da Cunha |
O MUNICÍPIO – primeiro jornal fundado em Tarauacá. Era propriedade de Pedro Gomes Leite Coelho, teve como gerente Henri Froissart. O primeiro número saiu em 28 de setembro de 1910. Um incêncio, em 14 de fevereiro de 1914, devorou o prédio e as oficinas do jornal. Leite Coelho faleceu em Tarauacá no dia 11 de outubro de 1937.
A ALVORADA – jornal fundado em 11 de agosto de 1913 pelos operários do jornal O Munícipio.
O ESTADO – o jornal era orgão oficial da prefeitura do Tarauacá. Seu primeiro número saiu em 29 de janeiro de 1914, e se manteve apenas por esse ano. Tinha como redator-chefe Dr. Oscar de Paula Guimaraens.
O DEPARTAMENTO – também orgão da prefeitura, sob a direção do Coronel José Vicente Assumpção, prefeito do Departamento. Seu primeiro número circulou em 15 de novembro de 1914. O jornal perdurou até 02 de abril de 1916.
Máquina de impressão do jornal O Tarauacá, que era impresso no porão do Teatro Municipal. Década de 1970. Foto: Tarauacá Notícias |
Exemplar do Jornal O Tarauacá. Década de 1970. Foto: Tarauacá Notícias |
A REFORMA – jornal de propriedade e direção do coronel José Florêncio da Cunha. O primeiro número saiu a 12 de maio de 1918. O jornal perdurou até 1925, retornando no ano de 1929, e permaneceu até 1934. Caracterizou-se por ser um periódico de oposição aos prefeitos do Departamento de Tarauacá. Florêncio da Cunha, pai de Gualter Marques Batista, por sua vez, pai de Djalma Batista, foi advogado no departamento de Tarauacá e Tefé (AM), e também prefeito das respectivas cidades.
ACRE FEDERAL – sua primeira edição saiu em 14 de março de 1932, sob a direção do advogado Dr. Rafael Dornelas Camara e outros.
OPERARIO ACREANO – o primeiro número circulou na cidade em 15 de dezembro de 1932, sob a direção do Dr. Custódio Freire e Raimundo Eustáquio de Moura.
IGREJA
Igreja de São José na cidade de Tarauacá, toda construída de madeira, e coberta quase totalmente com folhas de palmeira. (Nota de Antônio Teixeira Guerra, em 1955. // Foto: Tibor Jablonsky do C.N.G.)
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Atual Igreja Matriz de São José. |
A presença da Igreja Católica nessa região se deu com o Pe. Raimundo Fernandez, de Belém, em 1885. Mas só em 1913 é erguida uma capelinha, pelo então Pe. José Frisch. A construção de uma capela maior se deu a partiu da iniciativa da senhora Evangelina Valverde de Vasconcelos, esposa de José Thomas da Cunha Vasconcelos, que fora prefeito de Tarauacá, deputado e governador nomeado do Território do Acre. No dia 30 de abril 1916 ela reuniu diversas pessoas e juntas decidiram construir a capela de São José. O local escolhido localizava-se na então chamada Praça São José, o terreno pertencia ao tenente Raphael Maurício Belém, e foi adquirido pela comissão por dois contos de réis (2:000$000). Mas só no dia 27 de outubro de 1924 deu-se início a construção da capela, que ficou pronta em 1925, sendo que no dia 19 de março foi transladado de um altar improvisado no grupo escolar João Ribeiro, para a nova capela a imagem de São José, em procissão. O primeiro vigário nomeado pela prelazia do Alto Juruá a Tarauacá foi Padre José Bischosfberger, que chegou à cidade em 14 de junho de 1936. A cidade inaugurou mais adiante, na vépera de natal de 1938, a nova igreja de São José, esta permanceu até 1956, quando foi construída a atual Igreja São José, estando à frente da paróquia os Padres Guilherme e Henrique Klein.
O TEATRO MUNICIPAL
O Teatro Municipal, hoje Teatro José Potyguara, foi fundado no dia 26 de Janeiro de 1933, tendo sido erguido pela Dona Constância de Meneses, com projeto de Inú Ximenes, velhos comerciantes de Tarauacá, na administração municipal de José Florêncio da Cunha. Em seu palco encenou-se peças teatrais do escritor José Potyguara e peças orquestrais do maestro Mozart Donizetti, autor da música do Hino Acreano. Por muitos anos o teatro permaneceu como o principal ponto de encontro das famílias tarauacaenses, o lugar dos saraus, peças teatrais, cantatas, músicas ao piano, bailes, eventos beneficentes. É hoje o principal monumento dos tempos áureos da borracha em Tarauacá.
CENTRO CEARENSE DO TARAUACÁ
Particularidades de uma terra na qual havia uma presença marcante de nordestinos cearenses, sendo que em 25 de Março de 1914, era instalado, numa casa em que um dia funcionou o Conselho Municipal, o Centro Cearense do Tarauacá, por iniciativa de Júlio Pereira Rocque, João Frota Menezes e Francisco de Assis Bezerra Filho, cearenses, é claro!
O Centro Cearense do Tarauacá abrangia todo o departamento de mesmo nome. Funcionou de fato e com plena organização. Em seu estatuto regimental, o auxílio e proteção ao Ceará precediam a do departamento. Eis o primeiro artigo, ipsis litteris:
“Art.1. O C.C. com sede em Vila Seabra é uma associação que tem por fim auxiliar e proteger o Ceará, o departamento do Tarauacá, os cearenses e os seus associados quando e como se fizer preciso e na medida de suas forças.”
O segundo artigo, entre outras coisas, apregoava que admitia-se para sócios do Centro exclusivamente os filhos do Ceará. É importante lembrar que poucas pessoas, à época, eram naturais da região. Sendo assim, não há nada de anormal a ideia de um centro onde os patrícios pudessem se encontrar, manter suas tradições, etc. como ocorreu no Sul do país e em muitos outros lugares ao redor do mundo.
Entre outras funções, o Centro Cearense tinha como objetivo promover a criação de um Jornal, “O Cearense”; fundar uma sala de leitura e biblioteca organizada, o que de fato aconteceu; criar um curso noturno (aliás, aí deu aulas de português o Dr. Hugo Carneiro, que mais tarde se tornaria governador do Acre, à época exercia a advocacia em Tarauacá); um horto botânico e campos de aclimação de plantas; fazer plantios ordenados de seringueiras; organizar orçamentos e fazer plantas, etc. Sem dúvida, um trabalho pioneiro e ousado, para época e região, e que, na verdade, se tornou uma das primeiras experiências de organização da sociedade tarauacaense.
Conforme constava no artigo segundo do estatuto, o Centro funcionaria até 24 de Fevereiro de 1915. Sabe-se, no entanto, que o Centro Cearense do Tarauacá prolongou-se por mais algum tempo e tornou-se uma referência para a sociedade local da época.
LETRAS TARAUACAENSES
A publicação literária, apesar de escassa, não foi de toda olvidada no início da história de Tarauacá. Relatórios e relatos, além dos jornais, compõem o quadro dos primeiros cronistas e das primeiras manisfestações literárias referentes à cidade. Um dos primeiros trabalhos a se referir a Tarauacá foi o livro “Cartas do Acre”, do advogado e promotor público do Alto Juruá, Antônio José de Araújo, publicado em 1910 no Rio de Janeiro. O livro surgiu a partir de uma série de Cartas enviadas do Alto Juruá ao proprietário do jornal “O Palladio”, da cidade de Santo Antônio de Jesus, na Bahia. Entre as cartas, estão quatro escritas em Foz do Muru e Vila Seabra, entre 08 de setembro de 1909 e 12 de março de 1910. Outro livro que registra esse período, apesar de ter sido publicado apenas em 1949, é “Dez anos no Amazonas: 1897-1907” do paraibano Alfredo Lustosa Cabral. O livro é bastante rico em detalhes da vida nos seringais, seu desbravamento, cultura, história, etc. O autor viveu esses dez anos no seringal Redenção, Alto Tarauacá, propriedade de seu irmão Silvino Lustosa Cabral.
Nos jornais locais por sua vez despontaram os nomes de Luis de França, Brocoyó Filho, Hermes Fontes, Aristarcho, Ulysses Castello Branco, Hito Roiz, Waldemiro Potsch, Carlos Nascimento, alguns escrevendo poesias de cunho social. Maior parte não era natural da cidade, uma literatura, portanto, feita a partir da visão do elemento “colonizador” refletindo acerca da realidade local. Só com o passar dos anos é que foram surgindo vultos de expressão literária naturais de Tarauacá, dentre os quais se destacam:
JOSÉ GUILHERME DE ARAÚJO JORGE (Tarauacá, 20 de maio de 1914 – Rio de Janeiro, 27 de Janeiro 1987) – o maior poeta nascido nessa terra. Ganhou projeção nacional, e se tornou um dos poetas mais lidos do Brasil à sua época. Foi candidato a vereador e a deputado estadual e federal no antigo Distrito Federal (posteriormente estado da Guanabara), hoje Rio de Janeiro. Sendo eleito deputado federal em 1970, pela Guanabara, reelegendo-se para o terceiro mandato, em 1978. Recebeu o título de Poeta do Povo e da Mocidade. Publicou ao todo 36 livros, traduzido em diversos países, com milhões de exemplares vendidos.
DJALMA DA CUNHA BATISTA (Tarauacá, 20 de fevereiro de 1916 — Manaus, 20 de agosto de 1979) – cientista, pesquisador, escritor, literato, homem de profunda cultura. Formou-se em Medicina pela conceituada Faculdade de Medicina da Bahia, em 1939, tornando-se um dos médicos mais conceituados da região Norte pelas suas pesquisas, entre outras no campo da Tisiologia. Foi presidente por três vezes da Academia Amazonense de Letras e presidente do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Publicou, entre outras, as seguintes obras: Letras da Amazônia (1938); Da Habitalidade na Amazônia (1965); O Complexo da Amazônia (1976); Cartas da Amazônia (1989, póstuma), publicado por Guimarães de Oliveira. Em 1996 foi publicado sobre ele o livro “Djalma Batista: um humanista da Amazônia”. A editora Valer, do Amazonas, reeditou algumas de suas conferências num livro intitulado Amazônia, Cultura e Sociedade (2003), e O Complexo da Amazônia, a mais importante obra de Djalma Batista.
RAIMUNDO ACREANO RODRIGUES DE ALBUQUERQUE, o Raimundo Rodrigues (Tarauacá, 26 de outubro de 1919 – São Paulo, 03 de outubro de 2010) – poeta, escritor, professor e jornalista. Pertenceu a várias academias de letras, entre elas, maçônicas. Viveu desde 1965 em São Paulo, onde faleceu. Escreveu inúmeras obras didáticas, maçônicas, e literárias, entre as quais: Riachão (1957); Trovas do Ontem e do Hoje (s/d); Sonetos e outras poesias (2009).
JOSÉ POTYGUARA DA FROTA E SILVA (Sobral, 1903/9? – Rio de Janeiro, 1991) – promotor de justiça, professor e escritor. Apesar de não ser acreano, Potyguara exerceu uma influência muito grande na cultura e na vida social de Tarauacá e do Acre, publicando livros, peças teatrais e revista. Escreveu: Sapupema: contos amazônicos (1942); Vidas Marcadas (1957); Terra Caída (1961); e Do seringal ao asfalto (1984). Entre as peças teatrais, escreveu Alma Acreana (1930) e Razões do Coração (1933).
LEANDRO TOCANTINS (Belém, 1928 – Rio de Janeiro, 01 de julho de 2004) – escritor, sociólogo, poeta, ensaísta. Chegou a Tarauacá com menos de um ano de idade, seus pais Van Dyck Amanajás Tocantins e Iraídes Góes, se estabeleceram, mais precisamente no rio Tarauacá, seringal Foz do Muru, de onde administravam seringais, herança da liquidação da Casa Aviadora Barbosa & Tocantins, de Belém. O escritor sempre fez questão de recordar a influência que exerceu sobre sua vida e escritos a vivência nessa região. Tornou-se um dos autores, à sua época, mais respeitados em relação ao estudo amazônico. Escreveu obras que se tornaram clássicas como O Rio Comanda a Vida (1952) e Formação Histórica do Acre (1961), agraciado com o Prêmio Joaquim Nabuco de História Social da Academia Brasileira de Letras. Sobre Tarauacá escreveu um livro de memórias chamado “Os Olhos Inocentes” (1984), que recebeu o Prêmio Osvaldo Orico da Academia Brasileira de Letras.
JOSÉ HIGINO DE SOUZA FILHO (Tarauacá, 1929 – Rio Branco, 21 de outubro de 2010) – escritor, membro da Academia Acreana de Letras. Era filho de José Higino de Souza, então grande pecuarista de Tarauacá, dono da Fazenda São José. Foi o fundador do SESI e SENAI no Estado do Acre, o qual esteve à frente por 17 anos. Escreveu SENAI – 10 anos contribuindo para o desenvolvimento do Acre; O trabalho vence tudo (1993); A Luta Contra os Astros (1994); e Segundo Hound (2009).
Entre os escritores naturais de Tarauacá vivos, encontramos:
FRANCISCA TRINDADE LOPES – nasceu no Seringal Estirão, em 1939, filha de Francisco Lopes de Lima e Raimunda Trindade Lima. É formada em História pela UFAC (1984). Reside em Rio Branco – AC. É autora do romance Ô de casa! (2003); e do livro Contos e Crônicas.
MARIA SILENE DE FARIAS – nasceu em 14 de novembro de 1951, filha de Maria Deusa de Farias Franca e José Farias Franca. Esteve sempre muito envolvida com o movimento Cultural no Acre a partir dos anos 80. Em 2002 organizou e publicou Bairro Quinze e Cidade Nova, por meio da Prefeitura Municipal de Rio Branco e Fundação Cultural Garibaldi Brasil, da qual ocupou cargo de Presidente. Participou, entre outras, da Antologia dos Poetas Acreanos 1986 e Coletâneas de Poesia Acreanas, da Cia Teatro 4o Fuso (1981).
FRANCISCA TRINDADE LOPES – nasceu no Seringal Estirão, em 1939, filha de Francisco Lopes de Lima e Raimunda Trindade Lima. É formada em História pela UFAC (1984). Reside em Rio Branco – AC. É autora do romance Ô de casa! (2003); e do livro Contos e Crônicas.
MARIA SILENE DE FARIAS – nasceu em 14 de novembro de 1951, filha de Maria Deusa de Farias Franca e José Farias Franca. Esteve sempre muito envolvida com o movimento Cultural no Acre a partir dos anos 80. Em 2002 organizou e publicou Bairro Quinze e Cidade Nova, por meio da Prefeitura Municipal de Rio Branco e Fundação Cultural Garibaldi Brasil, da qual ocupou cargo de Presidente. Participou, entre outras, da Antologia dos Poetas Acreanos 1986 e Coletâneas de Poesia Acreanas, da Cia Teatro 4o Fuso (1981).
NÚBIA WANDERLEY – filha de Benício Otto da Silva e Walzira Wanderley da Silva, nasceu em 21 de agosto de 1951. A poetisa foi por muitos anos professora em Tarauacá, onde reside. Publicou os seguintes livros de poesia: Miscelânea (1984); Miscelânea vol.2 (1986); Miscelânea vol.3 (1988); a publicar, Miscelânea vol. 4.
JOSÉ CARLOS DA ROCHA – estudou em Manaus e em Fortaleza, onde se formou em Direito. Participou de vários movimentos estudantis: foi diretor da Tribuna Acadêmica da Faculdade de Direito do Ceará, diretor da União Nacional dos Estudantes, representou o Brasil no Congresso Internacional de Estudantes, em Istambul. Ocupou vários cargos públicos e, hoje, como procurador aposentado, reside no Rio de Janeiro. Aos 19 anos, reuniu os seus poemas no livro "Ela e outras poesias", que, todavia, não publicou. Atualmente, está com o projeto de reunir toda a sua produção (poesias, contos, crônicas) num livro, que já tem título: "Retalhos". (A informação é do site Jornal de Poesia).
FRANCISCO ALVES DE FREITAS – poeta e professor, com mais de três décadas de docência. É Licenciado em Letras Vernáculo pela Universidade Federal do Acre. É autor das seguintes obras poéticas: O Homem, a natureza e o povo; e Brados de vida.
MOISÉS DINIZ – poeta, escritor e político. É formado em Pedagogia pela Universidade Federal do Acre. Em 2011 tomou posse na Academia Acreana de Letras. É autor, entre outros, de: Exclamações Populares; A Bandeira Gêmea; O Santo de Deus (2009).
FRANCISCO ALVES DE FREITAS – poeta e professor, com mais de três décadas de docência. É Licenciado em Letras Vernáculo pela Universidade Federal do Acre. É autor das seguintes obras poéticas: O Homem, a natureza e o povo; e Brados de vida.
MOISÉS DINIZ – poeta, escritor e político. É formado em Pedagogia pela Universidade Federal do Acre. Em 2011 tomou posse na Academia Acreana de Letras. É autor, entre outros, de: Exclamações Populares; A Bandeira Gêmea; O Santo de Deus (2009).
LUÍSA GALVÃO LESSA – professora, pesquisadora e escritora. É pós-doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá; doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; mestra em Letras pela Universidade Federal Fluminense; membro da Academia Brasileira de Filologia e da Academia Acreana de Letras. Pioneira na Iniciação Científica na Universidade Federal do Acre, com quotas, via balcão, pelo CNPq (1989); autora do Centro de Estudos Dialectológicos do Acre; autora do Atlas Etnolinguístico do Acre; autora do Dicionário Termos e Expressões Populares do Acre (1985); autora do Glossário do Vale do Acre: látex e agricultura de subsistência (1996); e autora do Dicionário do Acre (2003).
VULTOS POLÍTICOS, CULTURAIS E ARTÍSTICOS
ALTEVIR LEAL (Tarauacá, 24 de julho de 1928 – Rio Branco, 1999) – Armador, comerciante, industrial e grande pecuarista. Era filho do português Avelino Leal e de Maria Assunção Morais Leal. Exerceu dois mandatos de senador pelo Acre (1975 a 1979, 1983 a 1987). (Informações organizadas a partir da Wikipédia).
JOÃO MENDES OLÍMPIO DE MELO (Tarauacá, 16 de dezembro de 1917 – Teresina, 01 de agosto de 1979) – Filho de Matias Olímpio de Melo e Maria José Mendes de Melo, nasceu no Acre quando seu pai era Juiz de Direito no Estado. É engenheiro agrônomo formado pela Escola de Agronomia da Bahia, com especializações naArizona State University e no College of Agricultureem Iowa, e também pela antiga Universidade Rural do Brasil. Seu pai foi governador do Piauí entre 1924 e 1928 e se elegeu senador pela UDN em 1947 e 1954. Nesse ínterim, João Mendes Olímpio de Melo foi eleito prefeito de Teresina, em 1950, ingressando depois no PTB, legenda da qual foi presidente do diretório regional no Piauí. Exerceu o mandato de senador pelo Piauí e depois foi eleito deputado federal, em 1962, migrando para o MDB após a instauração do Regime Militar de 1964, figurando como primeiro suplente de deputado federal em 1966, sendo efetivado em 1969 após a cassação de Chagas Rodrigues. É pai de Guilherme Melo, eleito deputado estadual em 1986, vice-governador em 1990 e empossado governador do Piauí em 1994 após a renúncia de Freitas Neto. (Informações organizadas a partir da Wikipédia).
JOSÉ RUI DA SILVEIRA LINO (Tarauacá, 13 de agosto de 1924 – Brasília, 07 de julho de 1987) – filho de Manuel Lino Filho e de Edwiges da Silveira Lino. Engenheiro Agrônomo, foi inspetor do Ministério da Agricultura. Estreou na política pelo PTB e foi eleito suplente de deputado federal em 1954 e 1958 sem que exercesse o mandato. Foi nomeado governador do Território Federal do Acre pelo presidente João Goulart, posteriormente deixou o cargo para concorrer às eleições de 1962 quando foi eleito deputado federal. Foi reeleito à Câmara dos Deputados em 1966, 1970 e 1974. (Informações organizadas a partir da Wikipédia).
NABOR TELES DA ROCHA JÚNIOR – nasceu em Tarauacá no dia 07 de novembro de 1930, filho de Nabor Teles da Rocha e Rosaura Mourão da Rocha. Além de seringalista e comerciante, foi o primeiro governador do Acre eleito pelo voto direto após vinte anos, em 1982. Deputado estadual em 1962, 1966 e 1970 e deputado federal em 1974 e 1978, período em que migrou do PTB para o MDB após o Regime Militar de 1964. Senador em 1986, sendo reeleito em 1994. (Informações organizadas a partir da Wikipédia).
JOSÉ MARQUES DE SOUSA, o Matias (Tarauacá, 21 de janeiro de 1937 – Rio Branco, 25 de março de 1997), filho mais velho do migrante cearense Moisés Matias de Sousa e da acreana Maria Marques de Sousa, nasceu na colocação Ipu, seringal Restauração as margens do igarapé Penedo, em Tarauacá. Foi seringueiro, líder social, ator, diretor, teatrólogo e ativista cultural acreano. Utilizou o teatro amador para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas. (Informações organizadas a partir da Wikipédia).
RAIMUNDO RIBEIRO MENDES, o Dim – ilustrador, cartunista e designer gráfico. Nasceu em 1964, autodidata, mais de 25 anos de profissão. Trabalhou nos jornais: O Jornal, O Diário do Acre, Folha do Acre e atualmente atua no Jornal A GAZETA como chargista e diagramador desde 1986. Dim foi o idealizador do I Salão Acreano de Humor. Tem obras de cartum espalhadas pelo Irã, Piracicaba (SP-Brazil), Kragujevac e Portugal.(Informação de Seção Judiciária do Estado do Acre - Espaço Cultural).
A HISTÓRIA PELA FOTOGRAFIA
Aspecto da rua do comércio, a mais importante da cidade de Tarauacá. A calçada suspensa de madeira vai até a margem do rio Tarauacá, ou mais propriamente, até a confluência deste rio com o Muru. Quase todas as casas do comércio que vemos na foto acima foram construídas de tábuas aparelhadas. Todavia no que diz respeito à cobertura esta pode ser de telha tipo francês, ou de folhas de zinco. Esta cidade já teve esplendor comercial quando a borracha alcançou o máximo, aliás isto é fácil de observar pelo próprio aspecto das construções e o tamanho das casas em relação com a vida parada que presenciamos nos nossos dias. Um aspecto comum é encontrarmos “pélas” arrumadas em frente da casa de comércio, como se pode observar na parte direita da foto, ou mesmo dentro da loja. (Nota de Antônio Teixeira Guerra, em 1955. // Foto: Tibor Jablonsky do C.N.G.)
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Na cidade de Tarauacá um traço interessante da paisagem urbana é a existência das calçadas de cimento ou de madeira no meio da rua. Aliás todas as ruas da cidade possuem uma ampla calçada central e calçadas menores perpendiculares que dão acesso às residências. (Nota de Antônio Teixeira Guerra, em 1955. // Foto: Tibor Jablonsky do C.N.G.)
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Aeroporto de Tarauacá. Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo.
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Cadeia Pública, construída em 1920, pelo capitão Agnelo de Souza, então comandante da Companhia Regional, instalada em 11 de junho de 1916 pelo capitão do exército Eugênio Augusto Terral, seu primeiro comandante. (Informação em FILHO, José Higino de Sousa. A luta contra os astros. Recife: SENAI, 1994. p.234).
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Banco de Crédito da Amazônia S.A. em Tarauacá. Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo.
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Casas na rua Inocêncio de Menezes em Tarauacá (AC). Arquivo Fotográfico Ilustrativo dos Trabalhos Geográficos de Campo.
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Fachada da Prefeitura e Teatro Municipal, em 1949.
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Prédio onde, por mais de 70 anos, funcionou o Fórum da Comarca de Tarauacá, criada em 1913, sendo o primeiro juiz o Dr. Djalma de Mendonça, substituído, em 1915, pelo Dr. Matias Olímpio de Melo. (Informação em FILHO, José Higino de Sousa. A luta contra os astros. Recife: SENAI, 1994. p.233).
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Grupo Escolar João Ribeiro, o mais antigo da cidade. Foi instalado em 20 de abril de 1921 pela professora Ernestina de França Cardoso, sua primeira diretora.
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Mercado Público, construído em 1931 pelo prefeito capitão Hipólito de Albuquerque e Silva. A obra, que esteve a cargo do mestre Sebastião Alves Maia, considerado um verdadeiro artista na profissão, se compunha de dois compartimentos destinados a açougue e um espaço destinado ao comércio. No local, hoje, existe um hotel, o Tarauacá Palace Hotel. (Informação em FILHO, José Higino de Sousa. A luta contra os astros. Recife: SENAI, 1994. p.112).
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Prédio onde funcionou a Prefeitura de Tarauacá até os anos sessenta. Ao lado, o Teatro Municipal. Perfilado, em frente, o Destacamento da Força Policial do município, em comemoração ao Dia da Pátria, no ano de 1949. (Informação em FILHO, José Higino de Sousa. A luta contra os astros. Recife: SENAI, 1994. p.111).
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Rua com calçada de madeira. Foto de Hernondino Chagas. |
Sede da Fazenda Corcovado situada num terraço de 200 metros de altura, e a pouca distância da margem direita do rio Tarauacá. A casa é toda construída de meadeira, e não está apoiada diretamente no solo e sim sobre estacas. Na parte interior da casa temos uma pequena parede de tijolos revestidos, e o telhado é todo feito com telhas do tipo francês. (Nota de Antônio Teixeira Guerra, em 1955. // Foto: Tibor Jablonsky do C.N.G.)
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Seringal Estirão, no rio Muru, em Tarauacá. Propriedade de Francisco Santos. Possuía armazéns, escritório e estabelecimento. O fundo era de frente para o rio.
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Rua com calçada de madeira. Foto de Hernondino Chagas. |
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Antônio José de. Cartas do Acre. Rio de Janeiro: Typ. Jornal Commercio, 1910.
CABRAL, Alfredo Lustosa. Dez anos no Amazonas (1897-1907). Brasília: Gráfica do Senado, 1984.
COSTA, Craveiro. A Conquista do Deserto Ocidental. Brasília: Ed. Brasiliana, 1973.
FARIAS, Anastácio Rodrigues de. Diversos dados sobre o município de Seabra 1905-1943. Rio Branco, 1993.
FILHO, José Higino de Sousa. A luta contra os astros. Recife: Núcleo de Apoio Técnico Administrativo do Departamento Nacional do SENAI, 1994.
GUERRA, Antonio Teixeira. Estudo Geográfico do Território do Acre. Rio de Janeiro: IBGE, 1955.
LOPES, Margarete Edul Prado de Souza. Motivos de mulher na Amazônia: produção de escritoras acreanas no século XX. Rio Branco: EDUFAC, 2006.
MASÔ, João Alberto. Delegacia do Ministério da Agricultura no Território do Acre. Relatórios do delegado, engenheiro João Alberto Masô: 1910, 1911, 1912. Rio de Janeiro, 1913.
TOCANTINS, Leandro. Formação Histórica do Acre (2 volumes). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
Jornal O ESTADO (Orgão dos Interesses do Departamento) – edição de 29 de março de 1914, No.9.
Jornal O DEPARTAMENTO (orgam da prefeitura) – edições de 1o de março de 1916, No 39; 12 de março de 1916, No40; e 19 de março de 1916, No41.
JORNAL OFFICIAL – edições de 16 de abril de 1916, No 1; 30 de abril de 1916, No 3; 28 de maio de 1916, No 7; 02 de julho de 1916, No 12; e 18 de março de 1917, No 49.
Fonte: Alma Acreana
Fonte: Alma Acreana
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